quinta-feira, 24 de abril de 2008

Arqueologia Subaquática

«A arqueologia subaquática é uma disciplina que descreve, estuda e interpreta os vestígios das civilizações que se encontram em meio aquático. Abarca a totalidade da investigação arqueológica praticada debaixo de água ou em meios húmidos, quer sejam lagos, rios ou mar. A arqueologia subaquática utiliza a mesma metodologia da arqueologia terrestre, porém a adversidade do meio onde se encontram os vestígios arqueológicos obrigou a adaptação das suas técnicas às suas características e limitações.
George Bass vai nos anos 60 iniciar a aplicação de técnicas de arqueologia terrestre na escavação de naufrágios num naufrágio datado da Idade do Bronze (1200 a.C.), no Cabo de Gelidonia, Turquia, contemplando de igual modo os dados da carga do navio, bem como as técnicas de construção naval e de navegação.
O primeiro navio português a ser escavado foi o S. António de Tanna afundado em Mombaça em 1667 e que foi escavado de 1977 a 1980 entre 1977 e 1980 sob responsabilidade do National Museums of Kenya e o INA (Institute of Nautical Archaeology). Porém a arqueologia subaquática em território português só dá os primeiros passos na década de oitenta com as intervenções no local do naufrágio de S. Pedro de Alcântara, um navio espanhol naufragado a 2 de Fevereiro de 1786, junto à costa de Peniche. Esta intervenção iniciou-se em 1988 estando relacionada com as escavações terrestres que já decorriam desde 1985, no local onde foram enterrados muitos dos corpos dos náufragos do S. Pedro de Alcântara. Em 1995, pela ocasião da construção do metro na zona do Cais de Sodré, foi localizado o fundo de uma embarcação de grandes de dimensões no lodo desta zona ribeirinha. Esta descoberta originou uma intervenção arqueológica de emergência neste navio de características ibéricas dos finais de séc. XV, inícios de séc. XVI, para o registo de todo o casco e a sua remoção do local. Em 1996 inicia-se num dos canais da ria de Aveiro a escavação subaquática de uma embarcação no local conhecido pelo “monte dos cacos”. O sítio arqueológico foi denominado como Ria de Aveiro A, datando da 2º metade de séc. XV. Em Junho de 1996 durante os trabalhos de abertura de condutas para ventilação do metro de Lisboa, na zona da Praça do Município, é localizado o cadaste de uma embarcação denominada de Corpo Santo, descoberta feita a poucos metros do navio Cais do Sodré. Em 1997 inicia-se a intervenção arqueológica subaquática na barra do Tejo, em frente ao forte de S. Julião da Barra, sobre a nau - Nossa Senhora dos Mártires, naufragada em 1606. O espólio desta intervenção veio a integrar a exposição do Pavilhão de Portugal na Expo’98, em Lisboa. Uma das peculiaridades deste sítio arqueológico foi a preservação durante 400 anos de uma parte da carga no local do naufrágio, muitos grãos de pimenta, que foram recolhidos em de toda a área de dispersão dos vestígios da Nossa Senhora dos Mártires. Ao mesmo tempo 1997 nos Açores, na Baia de Angra do Heroísmo, são descobertos dois navios durante os trabalhos de prospecção devido à construção de uma marina. Os navios, Angra C e Angra D repousavam precisamente no alinhamento do futuro molhe de protecção da marina, numa baía onde estão registados mais de oitenta naufrágios desde o séc. XV. Angra C e Angra D foram escavados em 1998, vindo a revelarem ser dois importantes exemplares de construção naval dos finais de séc. XVI, inícios de XVII. Estes navios, à semelhança do que foi feito no Canadá, foram desmantelados e depositados no fundo do mar, fora da zona de impacte da marina e em local seguro e acessível para a continuidade dos estudos. Na baía de Angra do Heroísmo para além de Angra C e Angra D estão referenciados mais cinco outros naufrágios e um importante núcleo de âncoras. Em 1998, em Quarteira, foi concretizado um projecto de estudo sobre a ocupação do litoral algarvio na época romana. Este estudo, baseado nos dados geológicos que apontam para o recuo da linha de costa de à 2000 anos até hoje, levaram à primeira campanha arqueológica subaquática do género em Portugal. Tratou-se de um projecto de localização de estruturas romanas submersas ao largo de Quarteira, que foram detectadas a 700 metros da orla marítima, a 8-10metros de profundidade, confirmando assim o que já se suspeitava, revelando também um riquíssimo potencial de informação das áreas costeiras submersas.» (http://www.instituto-camoes.pt/cvc/navegaport/c00.html)

1 comentário:

Without God disse...

Pena é que a arqueologia seja só para a bolsa de alguns, nem toda a gente tem o dinheiro necessário para a realização do curso...